terça-feira, 8 de setembro de 2015

Travel Light - Nómada Edition

Nos últimos tempos, tenho vivido muito de mochila às costas. Novos sítios e novos desafios: a ideia é feliz mas sempre tem prós e contras.

Não importa quantas vezes passe pelo processo, fazer as malas é sempre extremamente penoso. Enfrento esse momento com doses generosas de birra e negação, acabando sempre por guardar tudo para o último de todos os momentos.

Foi daí que me ocorreu fazer uma pequena lista, em modo de regras flexíveis, para tornar todo o empacotamento mais fácil. Porque, sejamos honestos, o ódio não ajuda realmente.

Tudo isto é baseado, de forma muito livre, nas minhas experiências. Ainda não consigo uma mala realmente perfeita: sempre trago demais de algo e falta de outra coisa qualquer. Mas estou a aperfeiçoar e a melhorar a cada dia.

Juntei um mix de o-meu-armário-ideal. Porque nem só de realismo se faz o mundo!

PALETA DE COR 


Quando o espaço é limitado e a companhia aérea insiste em ter limites de peso bem baixinhos, é importante perceber o nosso armário. Esta é a chave de toda a mala bem feita.

Comecemos pelas cores, esses seres místicos.

NEUTROS: Este é o momento em que toda a gente olha e pensa "ah, mas neutros são iguais para toda a gente". Vamos parar e pensar, será mesmo? A verdade é que nem tanto assim. Por exemplo, muita gente usa o branco ou o bege como neutros: eu nunca. Vários tons de camel e rosa também são comuns. Eu gosto de me manter pelo preto e cinza porque, simplesmente, funciona melhor comigo. O importante mesmo é perceber quais são as bases do nosso próprio visual.

CORES: Ok, eu sei que isto faz parecer qualquer armário extremamente aborrecido. A verdade é que temos tendência para determinadas cores. É importante perceber como elas funcionam em conjunto: de nada serve ter uma peça muito gira se não combina com mais nada no armário! Reparei que eu circulo em torno destas três, geralmente naquela tonalidade de não-sou-bem-cor-nenhuma. A experiência aqui vai variar MUITO de pessoa para pessoa. Tirar um momento para perceber o nosso look tem inúmeras vantagens.



A nível das peças a levar, a parte realmente difícil, é importante perceber para onde vamos e em que altura do ano. Inverno ou Verão? País quente ou frio? Trabalho ou lazer?

Para o viajante regular nada é tão mágico como camadas! Passar do verão para o inverno pode ser dor de cabeça, mas a verdade é que muitas peças podem servir para transição. É uma questão de camadas! Comecemos pelas superiores.

TOP - CASACOS E AGASALHOS


Eu diria que o essencial são dois casacos, especialmente no inverno:

Um sobretudo grande e bem quente, que possa ir por cima de qualquer outfit, salva imensamente o dia. Vale a pena ter uma peça investimento, de boa qualidade (eu amo lã acima de tudo o resto) e que seja clássico o suficiente para ser amado por vários anos. O ideal é levar vestido ou no braço para o aeroporto: pode doer um pouco mas poupa uma imensidade de espaço na mala!

Um casaco intermédio, versátil e fácil de usar. Pontos extra se der para combinar com o sobretudo, mas tudo depende das temperaturas que se vão enfrentar. Pessoalmente considero um bomber ou um perfecto de cabedal ideais, mas existem mais opções.

Ter um casaco mais formal, tipo blazer, também costuma ser boa ideia, especialmente para quem está de viagem por motivos profissionais. Qualquer conjunto fica elevado com uma peça de bom corte. Esqueçam o salto alto! Blazer é muito mais fácil e polido.


TOP - CAMISOLAS, CAMISAS E CAMADAS


Camadas, camadas, camadas... Sei que começa a ser repetitivo mas, depois de enfrentar alguns Invernos mais rigorosos, nada me faz tão feliz. Dá também mais variedade a um armário limitado: ninguém viaja com muitas opções. Eu acredito no poder dos básicos bem combinados.

Bodies podem ser extremamente úteis: são fáceis de usar, quentinhos e servem impecavelmente de base. São também difíceis de encontrar: uma peça de corpo inteiro que assente na perfeição é uma epopeia por si só. Se encontrarem um perfeito, comprem vários! Em todas as cores! Seriamente.

Eu tenho um amor inigualável por camisas. As minhas preferidas são de homem e em padrões muito tradicionais: trazem de volta o amor da alfaiataria. A verdade é que são peças extremamente versáteis, vindo em imensos cortes e padrões. Aconselho a procurarem algo em que se sintam bem e, depois, testem em várias temperaturas. (EN)CAMADAS!

Toda a gente precisa de sweatshirts. Seja em camisola ou em casaco, mais ou menos sóbria. Fáceis e versáteis, podem ser usadas para visuais mais ou menos casuais. Eu tenho a sorte de poder trabalhar de hoodie. Sei que nem toda a gente partilha desta sina. Se não é o vosso caso, levem uns pares a menos.


TOP - T-SHIRTS

T-shirts são vida, t-shirts são amor. Acho sempre que não tenho suficientes: no geral estou errada. A não ser que estejam a viajar no Verão, mais de três costuma ser um erro. Eu tenho sempre umas cinco. Juro que não é um vício. Posso parar quando quiser... só não quero realmente.

Honestamente, são uma boa base. Mas na maioria do tempo, completamente substituíveis por camisolas mais a sério.

Nunca deixarei de ter t-shirts em demasia. Devia viajar mais no verão.


FULL - VESTIDINHOS E MACACÕES

Há vários motivos para usar peças completas. Há igualmente bastantes motivos para não usar. Têm a facilidade de utilização, sem dúvida, mas muito pouca capacidade de funcionar entre estações. No melhor dos casos, com as camadas certas, sobrevivem a Primaveras e Outonos. No geral são mais úteis para estadias mais curtas.

Mais uma vez, se viajam por motivos profissionais e não podem realmente trabalhar de hoodie, têm também a vantagem de ter um aspecto clean e polido.


BOTTOM - SAIAS E JEANS

Acho importante referir que os meus sentimentos sobre jeans são semelhantes aos meus sentimentos sobre t-shirts. A grande diferença? Jeans são usáveis todo o ano, em todas as situações. E muito mais difíceis de acertar. No geral 2 ou 3 são suficientes, mas não me sinto capaz de estabelecer realmente um limite. Considero também que é uma boa peça investimento: os jeans certos sobrevivem connosco ao Apocalipse a chegam ao juízo final com bom aspecto.

Quanto a saias, considero supérfluas: são menos versáteis e vêm com preocupações como collants e depilação. Há momentos em que eu não preciso dessas preocupações. Tem a vantagem de poder dar um aspecto mais formal e polido. São sempre substituíveis por jeans. SEMPRE


EXTRA - SAPATOS, MALAS E ACESSÓRIOS

Sapatos são muito chatos para transportar. O ideal é levar o par mais pesado calçado para o aeroporto, à semelhança do sobretudo. Considero necessário botas, um sapato raso e sapatilhas. Sandálias para quem viaja em alturas mais quentes, podem eventualmente substituir as botas (se bem que não me imagino a viajar sem botas nunca...)

Eventualmente será bom ter uma mala de mão, mais pequena, versátil e fácil. Não interessa quão adorável seja aquela pochette minúscula, nunca irá ser usada. Mochilas são boas opções, principalmente para quem anda de pc atrás. E para quem vai às compras. Usem mochilas!

Joalharia, bijuteria e semelhantes terão que passar por triagem rigorosa: o que usamos realmente numa base diária? Não interessa ter aquele anel mesmo giro se o vamos usar uma vez. Há a possibilidade de ter saudades de vez em quando. Não faz mal: isto não será para sempre!


NOTAS FINAIS

Isto é um guia muito vago. Acredito que as regras são para ser quebradas e nem toda a gente tem a mesma definição de básicos. No geral as palavras de ordem são TRIAGEM e CAMADAS. Versatilidade é extremamente importante também. E por mais que a separação de algumas peças seja dolorosa, o importante é perceber que nada disto é para sempre. Um dia deixaremos de ser nómadas: e aí poderemos ter todas as t-shirts... e todos os jeans.

O ponto central sempre será perceber o nosso armário e o nosso estilo pessoal. O que é essencial? Quais as peças sem as quais não conseguimos viver? O que sobreviverá ao Apocalipse?

Enjoy,
The 5

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